
DON’T CRY FOR ME ADRIANA: HOMENAGEADA PELAS EMBAIXADAS LATINO-AMERICANAS, ESQUECIDA POR LISBOA

Adriana Drago recebe o prémio IPDAL – Vista Alegre no Grémio Literário
À vida da argentina Adriana Drago em Portugal, Advogada e licenciada em Relações Públicas, podem-se adicionar niquices do musical Evita (1978), chegou a Lisboa como uma ativa Adida Cultural da Embaixada Argentina, apaixonou-se pela capital portuguesa, ficou e estabeleceu-se. Entre Lisboa e Buenos Aires, fundada nos tempos da União Ibérica (1580), reinava Filipe II de Espanha, primeiro de Portugal, existem duplicidades. Os antepassados de um povo que vive das ajudas de Bruxelas e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), chegaram a representar 30% da população de Buenos Aires, controlavam negócios, detinham o poder económico, enquanto nos bolsos vazios dos nobres espanhóis, ‘chocalhavam’ títulos e nomes de família. Quando a coisa aqueceu, estabeleceram-se no outro lado do Rio da Prata, fundaram a Colónia de Sacramento (1680), valioso cartão-postal turístico, ainda exibe orgulhosa memórias do povo das, “As Armas e os Brasões Assinalados que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana” Camões sic…

Hoje no Sport Lisboa e Benfica, jogam dois Campeões Mundiais da Seleção “La Albiceleste”, Di Maria e Otamendi, em comum com a Adriana Drago, adoram a cidade e a nossa gastronomia. Os Presidentes da República de ambos os países vivem em palácios cor-de-rosa, na capital portuguesa há Docas, na capital argentina há Puerto Madero, diferenças, nós temos pastéis de nata, eles ‘chocotorta’…

Agora chegada a hora da Adriana regressar definitivamente ao Rio da Plata, volta a viajar solteira, como chegou. A diva dos argentinos, Maria Eva Péron, valorizava que “só se casaria com um príncipe ou um presidente”, Adriana, elegante e charmosa, não encontrou a receita em Portugal, não leva parceiro para dançar o tango. Aos amigos que preenchem um pesado caderno de encargos, restará na despedida, a canção, “Don’t Cry for Me Argentina”…

Nos últimos 20 anos Adriana Drago trabalhou na Casa da América Latina (CAL), uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, projeto da Câmara Municipal de Lisboa (1998), em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), Embaixadas da América-latina e empresas privadas. No mandato do Presidente Pedro Santana Lopes, mantive uma ligação à CAL com objetivos, implantar uma das recomendações do “1º Encontro Ibero-Americano de Turismo” que tinha tido lugar em Lisboa (20 a 24 de março de 1990), focado na promoção do destino Lisboa, nos países emissores de Turismo da América Latina. Infelizmente com prejuízo para as economias dos países e cidades capitais ibero-americanas, apenas foi privilegiado, com a saída de Santana Lopes para Primeiro-ministro do Governo de Portugal, retomar uma agenda da Cultura, fechando canais de circulação e oportunidades às empresas da comunidade de língua portuguesa e castelhana…
Enquanto mantive ligação à CAL, Adriana Drago, foi uma excelente colaboradora, dinâmica, ativa na área das Relações Institucionais e das Relações-Públicas, era presença assídua nos Dias Nacionais dos países Ibero-americanos, pavilhões de expositores na Feira de Turismo de Lisboa (BTL), promovendo e divulgando iniciativas nos media e opiniões publicas, participava em palestras, concertos, exposições de artistas sul-americanos…

Adriana Drago nos últimos dias recebeu homenagens das chancelarias ibero-americanas, num almoço no Restaurante Trattoria, com sala a transbordar de amor e reconhecimento. Uma carinhosa legião de amigos e figuras da sociedade lisboeta e cascalense, promoveu no Restaurante Terraços de Belém, um jantar de despedida com lágrimas de uma saudade antecipada. Os Embaixadores da América Latina e o Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas (IPDAL), novel instituição portuguesa, que reúne as Embaixadas latino-americanas e trabalha para promover a diplomacia económica, vão homenagear Adriana com o “Prémio IPDAL – Vista Alegre” numa cerimónia no Grémio Literário em Lisboa, bem ficaria a Município de Lisboa, no meio de tão visível e vasto conjunto de homenagens, deixar no mínimo um ´singelo´ obrigado, com a legenda; “Adriana, esta Casa da América Latina, será sempre a tua casa”…

Almoço na Trattoria, mensagens “Don’t Cry For Me Adriana”
Já prescrito; Adriana era a Senhora Adida Cultural da Argentina, na altura o filho do Presidente Carlos Menén, ‘Carlito’, veio correr um Rally de Portugal, não completou a prova, teve uma saída de estrada, ficou com um ombro magoado. Nessa noite com o piloto de rally, Campeão argentino, Jorge Recalde, herói de Córdova, estivemos no Banana Power, uma das mais famosas discotecas da época na Europa [Member’s Club Of Clubs]. A conversa fruía, Adriana querendo aliviar o desconforto de ´Carlito’ fez-lhe uma massagem (técnica) na zona do pescoço. Um “paparazzi” de uma revista portuguesa «apanhou» o momento. Em quarenta e oito horas as fotos estavam replicadas na imprensa argentina com honras de capa. Infelizmente ambos os pilotos já faleceram, há vozes que colocam dúvidas num acidente de helicóptero…
