FESTA EM SANTARÉM: ‘ALMUERZO DE PAELLA EN CASETAS’ NA ALTERNATIVA DE TRISTÃO COM A CASACA DO AVÔ.
Sábado (16 de março 2024), Deus já se preparava para descanso do 7º Dia e viver as Festas em Honra de S. José em Santarém, na Herdade da Torrinha o 7º da dinastia Ribeiro Telles, alinhava-se para tomar Alternativa, iria ser concedida pelo primo João na quase sexagenária Praça de Touros Celestino Graça (7 de junho). Uma casa feliz (10.000) a afirmarem que a Tauromaquia está viva, enraizada nos mais diversos estratos da sociedade portuguesa. Ao longo dos últimos oito anos tentaram «matá-la» com aumentos escandalosos do IVA (23%) nos bilhetes…

Um partido unipessoal junto ao anterior ’Alcaide’ de Lisboa, conseguiu a proeza da retirada da toponímia, “Praça de Touros”, na última campanha eleitoral, insistiu com um cartaz colocado no Campo Pequeno, com a Av. da República, “touradas só na cama” os estimulantes (!) terão funcionado ao contrário. O voto dos que defendem as tradições culturais, ganhou. Nas cenas dos próximos capítulos, aguardemos que a nova Ministra da Cultura (em campanha o PPD/PSD prometeu a redução), leve a Conselho de Ministros a proposta de Lei que ponha termo a uma hostilidade. Os sinais em Santarém foram bons, Anacoreta Correia (CDS–PP), Vice-Presidente do Município da Lisboa [exerci função de Chefe do Protocolo], esteve na bancada, teve honras de brinde por parte do Grupo de Forcados de Santarém, escutou aplausos …

As festas de S. José combinam o sagrado com o profano, servem igualmente a evocação do Rei D. Afonso Henriques (1109-1185) e celebram o Aniversário da Conquista da cidade (877º anos). O Primeiro Rei de Portugal, um rapaz estilo capa da ‘Men’s Health’, saudável, atlético, dois metros (10 palmos, naquele tempo os homens mediam-se aos palmos), sem medo dos exércitos da própria mãe e de Castela, tivesse ficado por Santarém e ido aos treinos, teria dado um bom elemento para o Grupo de Forcados Amadores de Santarém (não dos anos da expansão), mas são os amadores mais antigos do país. Estiveram na sua praça, com os homónimos do Aposento da Moita do Ribatejo, vila com história de forcadagem…

Enquanto Tristão Ribeiro Telles Queiroz, António Ribeiro Telles, Manuel Telles Bastos, João Ribeiro Telles e António Ribeiro Telles-filho se preparavam, os bandarilheiros ajeitavam as ‘monteras’ e os dois grupos de Forcados se fardavam, dispostos a capturar a ‘aficion’ do Ribatejo, de Lisboa e Vale do Tejo e todo um Portugal taurino, nas ‘casetas’ junto à Praça decorriam animados ‘pic-nic’ em mesas postas a rigor, paelheiras, bifanas de Vendas Novas ao momento, assados, música popular ao vivo.

O navegador Pedro Álvares Cabral (1467-1520), nascido em Belmonte, os da Sortelha dizem que não, depois do ‘Achamento’ do Brasil e ter “curtido” as praias da América do Sul, reclamando ‘tudo, tudo, tudo’ debaixo do Cruzeiro do Sul para Portugal, acabou gozando a reforma em Santarém, hoje dorme ali o sono eterno, tivesse reparado naquele ambiente meio sevilhano meio scalabitano, nas cestas elegantes dos farnéis, teria pronunciado “nem em Porto Seguro, Arraial D´Ajuda ou lá no Club Med de Trancoso, vi tanta gente bonita e tanta animação”, tarde de touros no Ribatejo, todo o território e suas gentes respirava festa …

Numa entrevista Mestre David Ribeiro Telles, referiu-se à cartilha para os seus filhos, “primeiro, ensinei-os a respeitar o público, a serem honestos e sérios para com o público. E depois, o resto que é preciso ser toureiro, a força de não desanimar. Não se pode ser toureiro só para os aplausos e para quando tudo corre muito bem. Ser toureiro é chegar a casa e, quando um tipo julga que esteve muito bem, vir um amigo e dizer-lhe que esteve mal. E quando as coisas correm mal, chegar a casa sozinho, mastigar aquilo tudo, mas ter a coragem de, no dia seguinte, ir para os cavalos e continuar com ilusão”. Tristão, filho de Sofia Ribeiro Telles, neto dos saudosos Mestre David e ‘ganadero’ Eduardo Guedes de Queiroz, estava à nascença, mais virado para a Tauromaquia que para o futebol ou rugby…

O concorrido blogue Farpas, será um dos meios mais indicados para escalpelizar tanto a corrida no seu todo, como a atuação da família de cavaleiros em praça e pegas dos dois grupos de forcados. Os touros da ganadaria dos Herdeiros Mestre David Ribeiro Telles, não cumpriram, estiveram alheados de uma tarde com história, restou ao publico viver a festa dos Telles, embalados pelos ‘pasodobles’ da Filarmónica do Samouco (1919), há 100 Anos a tocar e a embevecer-nos. Tristão seguiu a tradição da Torrinha, usou uma casaca azul que pertenceu ao avó, David, esqueceu um gesto cativante perante a pressão da nova etapa profissional, olhar o Céu…

O Presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, fará que regressemos com ou sem o prazer de um aeroporto. Homem de coragem, afirmou publicamente na vernissage do cartaz destas festas “queremos ser diferenciadores e afirmar o mundo taurino em Santarém, garantido a preservação e continuidade desta tradição”…
