
LA FIORENTINA CHEGOU “EM” LISBOA DIRETAMENTE DO RIO
La Fiorentina (1957), cadeia de restaurantes italianos “made in Brazil” aterrou em Lisboa, vindo diretamente do RIO, Rio de Janeiro, na bagagem de Omar Peres, Catito para a “galera” carioca. Ao longo de décadas mostrou bandeira na tranquilidade do Leme, no fundo de Copacabana. Mais recentemente, Catito, dono da marca (depois de uma tempestade vem sempre a bonança), mudou-se para a mediática Ipanema, Aníbal de Mendonça, 112. Um local com valor cultural, na mesma rua (27), encontra-se uma das mais antigas galerias brasileiras. A Galeria de Arte Ipanema, representa há 45 anos, quarente e nove artistas da arte moderna brasileira. No centro da cidade do Rio de Janeiro há outra Fiorentina, fica na rua da Assembleia, perto da antiga fábrica de ourivesaria do meu primo Frederico Siuve, Campeão brasileiro (naturalizado) de Saltos com Cavalos…

A La Fiorentina anda numa maré de inaugurações, instalou-se também na elitista Barra da Tijuca. O “beautiful people” depois de um “beach tennis” ou vólei de praia e uma água-de-coco na Praia do Pêpê, faz ponto na Fiorentina. A marca independente de atrair “colunáveis” vem prestando à Cultura do Brasil, serviços relevantes, no curriculum tem o patrocínio de mais 500 peças de teatro. A missão da empresa importada para Portugal, soará a música aos ouvidos de Filipe La Féria, dos Restauradores (Teatro Politeama), chega-se à Fiorentina em cinco minutos, subindo no elevador da Glória…

As La Fiorentina, seguem todas a mesma linha de decoração dos interiores: fotos de famosos com assinatura nas paredes brancas. Uma extensa galeria de notáveis, muitos dos flashes batidos no Leme. Omar trouxe para Lisboa, fotos e assinaturas de “Globais” (estrelas da Rede Globo), que produziram “milagres” como o do Presidente Mário Soares e a generalidade dos portugueses, que na época, interromperem as agendas para assistirem a “Gabriela”, novela dos “Coronéis” e da “Maria Machadão”, do querido Lima Duarte (Sinhôzinho Malta). Um dia levei o Lima à praia do Meco, meio envergonhado num plateau de bronzeados integrais. Junto ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, há rostos do “Planeta dos Homens” comandado por Jô Soares, era amigo do ex-Embaixador em Lisboa da Ordem de Malta, Miguel Polignac de Barros, gostava de ficar instalado no palácio da Junqueira. Na Fiorentina alfacinha, estão expostas fotos e assinaturas de famosos portugueses, alguns convidados para a inauguração, que nunca terão tomado um “Choppinho” no Leme …

No meio dos cento e cinquenta retratos expostos no Príncipe Real, há uma falha! Catito esqueceu-se da fotografia de Agildo da Gama Barata Ribeiro Filho. O saudoso humorista “professor de Mitologia da Bruna” (Bruna LombardiI). Agildo Ribeiro, ainda em pequeno, adotou Lisboa. O Barata viveu sempre fiel a uma paixão pelos seus bairros e pelas suas gentes. Mais acima da Fiorentina de Lisboa, Agildo “fazia ponto” no número 14, bar Pedro Quinto, frequentado pela classe política, líderes partidários, artistas, jornalistas, propriedade de Juvenal Coelho (bar Procópio), Antero Jacinto (Associação de Barmen) e outro sócio (!). Antes era o João Sebastião Bar, idealizado pelo jornalista da rádio Fernando Correia e pela mulher Vera, cidadã brasileira. Entre a clientela predominava a Esquerda política, discutiam abril com um bom whisky velho…

Agildo Barata Ribeiro Filho (também lhe chamava “Nome de Rua”), há uma Barata Ribeiro na toponímia carioca, evoca Cândido Barata Ribeiro (1843), médico e político. A Barata Ribeiro começa na Princesa Isabel, perto do Leme, onde funcionava a La Fiorentina, termina na Djlama Ulrich, que vem da Avenida Atlântica, vale a pena percorrê-la, tem fachadas de prédios clássicos anos cinquenta. Em criança, Agildo chegou a viver em Lisboa. O pai, militar de carreira, na sequência de um golpe militar, veio exilado para Portugal, moravam no prédio atual Heron Castilho, rua Braamcamp. Agildo e a mulher Nidia Ribeiro, Didi, nunca deixaram de passar temporadas na “terrinha”. Didi (bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro), na primeira série do “Planeta dos Homens” era a bailarina deslumbrante que resultava do descasque da banana…

Entre gravações viviam no Hotel Roma, Av. de Roma, LIsboa. Agildo chegava a convidar amigos para viajarem com ele para Lisboa. Em sinal contrário, eu, quando chegava ao RIO, abria um charuto com o “Nome de Rua” no Esch Café La Casa del Habano, Dias Ferreira, Leblon, falávamos dos amigos e riamo-nos de 1000 histórias delirantes. O Agildo continua a andar por ali, há uma pintura com o seu rosto por cima da cadeira onde se costumava sentar. Adicionou o meu nome ad hoc aos seus quadros na Rede Manchete e na RTP, um extraordinário embaixador português. Admirador da carreira de Herman José, era visita dos seus programas. A empatia com o público português, levou o produtor Carlos Cruz a convidá-lo para apresentar na RTP “Isto é o Agildo” programa com audiências, daí para cá o canal público, pouco ou nenhum humor tem colocado na antena…

O livro “As Noites da Fiorentina” de Fritz Utzeri, edição Panorama Editora, com dedicatórias do Agildo e Catito, oferecido numa noite longa no Leme, “sem hora certa para fechar” (bordão do estabelecimento), assinaram “Pestana esse é o Rio que você, pena, não conheceu. Mas contaremos tudo pra você”. Entrar na La Fiorentina em Lisboa, é viver a história dos anos dourados de Copacabana, um mergulho na história do RIO, dos artistas que, quando atravessavam o Atlântico e vice-versa, eram capa de revista com manchetes, idolatrados (excetuando alguns portugueses de penetra), não faltam registos de Carmen Miranda, Amália Rodrigues, Raul Solnado e outros que pisaram os palcos cariocas. Os Madredeus, também não estão ali, julgo que passaram pela Fiorentina do Leme, numa noite da semana “Lisboa no Rio” (23 a 28 maio 1991) para cear, aquando atuaram pela primeira vez no Brasil, em concertos na Sala Cecília Meireles, com lotações esgotadas, dividindo o palco com o saudoso Carlos Paredes. Outra sala cheia e anexos que me recordo, de uma fabulosa mostra de Lisboa, foi a palestra (lição) na Fundação Roberto Marinho do arquiteto Álvaro Siza Vieira, relacionada com a recuperação do Chiado. Um valioso programa da CML-Turismo de Lisboa, ondei deixei pegada…

A festa de abertura do La Fiorentina, em Lisboa, fez-se em dois dias, comandada pelo português mais viajado, Diamantino Martins (Pólis), cidadão do mundo. O livro das suas viagens, “Around the World – A Viagem dos 50 Anos” conta a história de vida de um alentejano de Arronches. A sua primeira viagem foi para Lisboa, estudou Marketing, viu oportunidades no setor do Turismo, abriu a sua agência de viagens. A Pólis, faz hoje a gestão de áreas Vip de eventos nacionais e internacionais, festivais, organização de viagens de incentivo, recebe nota alta pelos trabalhos, tem uma carteira de clientes recheada…

Bem-vinda, Fiorentina, fique por Lisboa muitos anos a contar-nos histórias da cidade do “patrício” Estácio de Sá (1565), do RIO da Garota de Ipanema, do Leblon, do bar JOBI, dos lugares da Dias Ferreira, de Copacabana, das suas calçadas cartão-postal, obra de arte de calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa. Artistas de edilidade alfacinha que adicionaram à Cidade Maravilhosa, alguns dos seus encantos mil. A La Fiorentina funciona debaixo do olhar de 70 artistas portugueses, 60 brasileiros e 20 internacionais, Lisboa ganhou um lugar bem legal…

La FIorentina
R. São Pedro de Alcântara, 65 – Príncipe Real
Lisboa
Telefone: +351 966 367 028
La FIorentina
R. Aníbal de Mendonça, 112 – Ipanema
Rio de Janeiro – RJ
Telefone: +55 21 2540-8045
La FIorentina
R. da Assembleia, 43 – Centro
Rio de Janeiro – RJ
Telefone: +55 21 3553-3871
La FIorentina
Av. Lúcio Costa, 1996 – Barra da Tijuca
Rio de Janeiro – RJ
Telefone: +55 21 98859-9177

